Não basta se indignar.
É preciso por para fora o que causa indignação.
Não bata pensar.
É preciso materializar as possibilidades ditadas pelo pensamento.
O Grito incontido desatado da alma,
Do corpo todo,
É a semente lançada a esmo ao mundo
Sem garantias de germinação.
Ainda assim o faz, realiza e age
Como corpo na rua em gestos e atos.
Desperta, ativa, influí a amalgama de afetos e sentidos.
Até então, contidos, reprimidos, censurados.
Irrompe os limites internos do indivíduo.
Os medos individuais, o isolamento controlado.
Transcende ao público o que estava privado.
Dando em ato o que estava tão somente incubado.
A fecundidade do ato desatado,
Segue as ondas da semeadura.
Eis que o semeador saiu para semear.
A semear a sua humanidade,
A fim de dar lugar ao que virá após.
E o faz respirando livremente.
Sem os ares densos dos redutos em que fora posto e reclusado.
O faz em plena liberdade,
Não mais pensada ou abstraída,
Mas realizada ali,
Na rua, em ato, em vida.