sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chamado ao Grito de Liberdade

Carlos:
Vejam só, como estamos todos felizes , a liberdade  se  vê estampada em nossas faces. Feliz povo brasileiro! Que conquistou a sua tão custosa liberdade sem derramar nenhuma gota de sangue, pela pura benevolência do bom Deus e do bom e solicito Dom Pedro, que deixou a sua tão amada terra natal e tomou a nossa causa em suas mãos, levantando um brado de Independência diante das fileiras inimigas. Sim, um brado poderoso que atemorizou a todos os inimigos lusitanos. Independência ou morte.

(sai da platéia indignada)
Olímpia:
Espere aí senhores, que loucura é esta que estou a ouvir. Quem conquistou o que? Liberdade? Ainda não acordamos de tal sono? Vejam em nossas ruas, em nossas cidades a passividade de um povo que ainda não tomou sobre os seus ombros a sua própria história, não somos capazes de lutar e nos silenciamos  diante de nossa própria miséria.

(também sai da platéia)
Ângela:
Mulher, cujo nome não sei, não venha pisotear em nossa moral. Somos um povo lutador de fato e temos enfrentado com todo brio as afrontas dos poderosos que nos tentam dominar, mesmo que estes sejam tidos como os “pais da pátria” que usam de seus cargos para usurpar do público transformando-o em privado.

Olímpia:
Você é louca? Em que país que você vive, que não é capaz de enxergar um palmo diante do nariz? E olhar com toda lucidez para farsa que foi armada naquele dia, apaziguando e sufocando os anseios de uma verdadeira liberdade, que nunca foram  de fato realizados e ainda hoje é sufocado. O Grito ainda não foi dado, ainda permanecemos pelo silêncio dominados.

(surge no palco)
Ambrósio:
De fato minha cara Ângela, a Liberdade não pode ser concedida por ninguém, ela  tem seu valor somente se for conquistada por nossos próprios esforços, por nosso próprio sangue. Ninguém pode nos fazer livres, senão a nossa própria luta.  Ninguém pode gritar independência senão o próprio povo.

Ângela:
Sim, agora compreendo melhor, não é a voz que ecoou no Ipiranga que nos deu ou nos dará a liberdade, mas é o Grito que foi silenciado, que precisa ser desatado de nossos próprios lábios, ou melhor, de nossa própria alma. Basta ao silêncio que nos fez perder os sonhos de uma liberdade efetiva! Que demos hoje o grito que ainda não foi ouvido!

Olímpia:
Sim, gritemos todos!

Um homem:
Contra os maus homens e mulheres que zombam da confiança do povo. Independência ou Morte.

Uma Mulher:
Contra o “jeitinho brasileiro” que fere a ética e enfraquece a sociedade. Independência ou Morte!

Outro Homem:
Contra a violência que consome os corpos e almas de nossos jovens  negando-lhes um futuro e uma esperança. Independência ou Morte!

Uma Jovem :
Contra a indiferença ao mundo que habitamos e a ignorância destrutiva de nossos atos. Independência ou Morte!

Olímpia:
E vocês o que estão fazendo assistindo a tudo passivamente. Gritamos todos.
Independência ou Morte! Novamente para que todos brasileiros nos ouçam. Independência ou Morte!

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