quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Poder e o Corpo


O que é o poder? Bem, o poder de uma maneira geral é a força externa que manipula a vontade do sujeito humano, o que implica em requerer uma atitude passiva ou ativa como resposta a este poder, a qual só pode ser dada pelo corpo.
Logo, uma vez que o fundamento de toda nossa existência é o corpo, sendo por meio dele que nos sentimos no mundo e temos vontade e experiências, toda espécie de poder age a fim de estabelecer a sua ordem sobre o corpo o que possibilita o domínio dos indivíduos e da sociedade em geral. Fato é que o poder seja ele de que espécie for, age tendo como seu fim último o corpo que é o fundamento da existência humana. Logo, ele age de um modo indireto ou direto.
No mundo, medieval o poder estava concentrado e representado na figura do rei soberano e da igreja que agiam de modo direto, ou seja, sem nenhuma mediação entre o poder e o corpo. Por isso que o corpo era exposto ao público para que todos vissem este sendo suplicado e submetido pelo poder que estava ali presente. O poder medieval não lançava mão em seu primeiro momento de nenhum instrumento preciso ou institucional para submeter o corpo, não possuía nenhuma tecnologia que fizesse a ponte entre o poder que submetia e o corpo que sofria. O sofrimento do corpo revelava o tamanho do poder que o suplicava em público. O poder estava marcado pela sua capacidade de punir, nada era escondido e o poder se expunha com toda sua violência.
Com o passar do tempo, tal ostentação de poder começa a se institucionalizar, ou seja, cria uma tecnologia que faz a ponte entre o poder e o corpo. Há uma evolução que vai do machado usado em público, passa pela carretilha e o fogo até chegar à cadeira elétrica e o botão que aciona a injeção letal já dentro de instituições disciplinares modernas como prisões e escolas, que são elas mesmas tecnologias pelas quais se manifesta o poder no mundo moderno.
Nestas instituições ditas disciplinares ou de sequestro, não mais expõe se o corpo a uma violência pública e ostentosa, suas incursões sobre o corpo são mais sutil. Elas recolhem o corpo em clausuras dentro de recintos determinados para melhor discipliná-lo para a vida e para morte.
Assim o poder na sociedade moderna se diversifica e se generaliza, não possui um centro como ocorria no mundo medieval em que toda sociedade e os indivíduos que nela viviam estavam determinados pela soberania do rei ou do papa. No mundo moderno o poder está em todas relações. Na relação de pais e filhos, de namorados, nas relações de amizades, de professor e aluno, isto é, o poder é estabelecido a partir de uma rede que não possui mais nenhum centro. Com efeito, o poder se manifesta a partir de uma rede de instituições. Família, Casamento, escola, mídia, internet, rede sociais, Estado Político, fabricas, escritórios se apresentam como instituições pelas quais o poder se manifesta.
Dentro dessas instituições o poder submete o corpo, e logo, o sujeito humano de um modo mais sutil, o qual não se publica, nem ostenta a violência como antes. Este modo dá-se o nome de poder disciplinar segundo Foucault. Sua sutileza se dá por meio do confinamento do corpo em determinados espaços. A família a casa, a escola o prédio, a fábrica o galpão. O poder disciplinar é uma tecnologia que visa submeter o corpo para educar o sujeito.  É uma tecnologia que surge com as necessidades de exploração do capitalismo primitivo que era extremamente dependem do corpo como mão de obra em suas primeiras fabricas. O corpo precisava ser produtivo, logo, para ser produtivo precisava ser disciplinado, para tanto, a escola como poder disciplinar é imprescindível.
Do poder disciplinar que submetia o corpo e educava o indivíduo, segue o Biopoder que por meio do panóptico, ou seja, do olho que tudo vê, não se atem à disciplina sujeito, mas ao controle de toda sociedade, como um controle da vida em sua totalidade. “Faça o que quiser fazer, mas diga o que está fazendo” este é o lema do Biopoder. A informação sobre a vida privada dos sujeitos implica em poder de controle sobre tais vidas. Isso explica o porquê do surgimento de redes sociais dentro do universo cibernético que se revelou como uma tecnologia incrível de domínio dos corpos, logo, das vidas dos sujeitos humano. Isso também explica a razão das ações do Facebook estarem tão valorizadas na bolsa de Nova York. Assim, deixamos de viver numa sociedade disciplinar e passamos a viver numa sociedade de controle haja vista o sucesso de programas como Big Brother em que a privacidade já não existe e tudo é publicado.

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