O que é
o poder? Bem, o poder de uma maneira geral é a força externa que manipula a
vontade do sujeito humano, o que implica em requerer uma atitude passiva ou
ativa como resposta a este poder, a qual só pode ser dada pelo corpo.
Logo, uma
vez que o fundamento de toda nossa existência é o corpo, sendo por meio dele
que nos sentimos no mundo e temos vontade e experiências, toda espécie de poder
age a fim de estabelecer a sua ordem sobre o corpo o que possibilita o domínio
dos indivíduos e da sociedade em geral. Fato é que o poder seja ele de que
espécie for, age tendo como seu fim último o corpo que é o fundamento da
existência humana. Logo, ele age de um modo indireto ou direto.
No
mundo, medieval o poder estava concentrado e representado na figura do rei
soberano e da igreja que agiam de modo direto, ou seja, sem nenhuma mediação
entre o poder e o corpo. Por isso que o corpo era exposto ao público para que
todos vissem este sendo suplicado e submetido pelo poder que estava ali
presente. O poder medieval não lançava mão em seu primeiro momento de nenhum instrumento
preciso ou institucional para submeter o corpo, não possuía nenhuma tecnologia
que fizesse a ponte entre o poder que submetia e o corpo que sofria. O
sofrimento do corpo revelava o tamanho do poder que o suplicava em público. O poder
estava marcado pela sua capacidade de punir, nada era escondido e o poder se
expunha com toda sua violência.
Com o
passar do tempo, tal ostentação de poder começa a se institucionalizar, ou
seja, cria uma tecnologia que faz a ponte entre o poder e o corpo. Há uma
evolução que vai do machado usado em público, passa pela carretilha e o fogo
até chegar à cadeira elétrica e o botão que aciona a injeção letal já dentro de
instituições disciplinares modernas como prisões e escolas, que são elas mesmas
tecnologias pelas quais se manifesta o poder no mundo moderno.
Nestas
instituições ditas disciplinares ou de sequestro, não mais expõe se o corpo a
uma violência pública e ostentosa, suas incursões sobre o corpo são mais sutil.
Elas recolhem o corpo em clausuras dentro de recintos determinados para melhor
discipliná-lo para a vida e para morte.
Assim o
poder na sociedade moderna se diversifica e se generaliza, não possui um centro
como ocorria no mundo medieval em que toda sociedade e os indivíduos que nela
viviam estavam determinados pela soberania do rei ou do papa. No mundo moderno
o poder está em todas relações. Na relação de pais e filhos, de namorados, nas
relações de amizades, de professor e aluno, isto é, o poder é estabelecido a
partir de uma rede que não possui mais nenhum centro. Com efeito, o poder se
manifesta a partir de uma rede de instituições. Família, Casamento, escola, mídia,
internet, rede sociais, Estado Político, fabricas, escritórios se apresentam
como instituições pelas quais o poder se manifesta.
Dentro
dessas instituições o poder submete o corpo, e logo, o sujeito humano de um modo
mais sutil, o qual não se publica, nem ostenta a violência como antes. Este
modo dá-se o nome de poder disciplinar segundo Foucault. Sua sutileza se dá por
meio do confinamento do corpo em determinados espaços. A família a casa, a
escola o prédio, a fábrica o galpão. O poder disciplinar é uma tecnologia que
visa submeter o corpo para educar o sujeito.
É uma tecnologia que surge com as necessidades de exploração do
capitalismo primitivo que era extremamente dependem do corpo como mão de obra
em suas primeiras fabricas. O corpo precisava ser produtivo, logo, para ser
produtivo precisava ser disciplinado, para tanto, a escola como poder
disciplinar é imprescindível.
Do poder
disciplinar que submetia o corpo e educava o indivíduo, segue o Biopoder que
por meio do panóptico, ou seja, do olho que tudo vê, não se atem à disciplina
sujeito, mas ao controle de toda sociedade, como um controle da vida em sua
totalidade. “Faça o que quiser fazer, mas diga o que está fazendo” este é o lema
do Biopoder. A informação sobre a vida privada dos sujeitos implica em poder de
controle sobre tais vidas. Isso explica o porquê do surgimento de redes sociais
dentro do universo cibernético que se revelou como uma tecnologia incrível de
domínio dos corpos, logo, das vidas dos sujeitos humano. Isso também explica a
razão das ações do Facebook estarem tão valorizadas na bolsa de Nova York.
Assim, deixamos de viver numa sociedade disciplinar e passamos a viver numa
sociedade de controle haja vista o sucesso de programas como Big Brother em que
a privacidade já não existe e tudo é publicado.
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