segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Menos Filosofia e Sociologia, mais matemática e português, logo, mais massificação

por Ricardo Urizzi Carvalho

De fato, o suposto silogismo não fecha numa conclusão evidente, pois não temos nele, pelo menos de modo explícito, um termo médio, nem está absolutamente dado em sua formalidade integral como foi pressuposta por Aristóteles a mais ou menos 2361 anos atrás na Grécia Antiga. Contudo, ele deixa implícito, o medo velado ideologicamente de uma parcela da sociedade brasileira que julga ser privilégio dela a condição de pensar o curso da história do país.

Talvez, tenha mais que isso implícito, a recensão de um espírito autoritário que seja resquício da “ditadura branda” que mandou para o ostracismo do currículo, disciplinas consideradas perigosas para a suposta coesão nacional forjada arbitrariamente por esta mesma parcela da sociedade.

Ou deve-se considerar ainda, o medo mais evidente e próximo, dado ao fato dessa mesma parcela da sociedade assistir as convulsões em todo mundo na busca de uma democracia real como aquilo que se convencionou chamar de “primavera árabe”, ser desatada também aqui pelo ganho de espaço no currículo de disciplinas cuja crítica ao status quo da sociedade estejam em seu cerne.     

Esta parcela da sociedade privilegiada que tão solicitamente assume o papel de pensar o nosso país, tem o seu arauto, ou seja, o seu atalaia que sempre está pronto para sinalizar o perigo. Acerca disso é possível ser mais realista, esta “casta” tem vários arautos e atalaias que evocam sua defesa. Um desses guardiões da verdade hegemônica não deixou passar desapercebido um perigo iminente. Qual seria este perigo? O aumento da carga horária de disciplinas de conteúdos críticos no currículo do ensino médio como é o caso das disciplinas de filosofia e sociologia. 

Que a Folha de São Paulo seja um jornal reacionário, não é novidade para ninguém. Haja vista sua história recente, ou mesmo sua história passada. Mas o que foi exposto no seu editorial do dia 30/09 é de causar uma perplexidade asquerosa.

O editorial intitulado “Mais matemática” é o reflexo do medo à desmassificação das massas. O editorial critica as intenções do governo estadual de fazer cumprir uma lei federal que pressupõe o equilíbrio dentro do currículo das três áreas em que estão baseadas o ensino brasileiro: Linguagem e Códigos, Matemática e Ciências da Natureza e Ciências Humanas e suas Tecnologias. Está última em especial, sempre esteve a reboque das outras, embora fosse desde a antiguidade a mais valiosa para a humanidade.

Uma vez que, enquanto as outras são tão somente meios, as ciências humanas são aquelas que pensam os fins, enquanto que matemática e português, diga-se de passagem, sejam disciplinas que o discente tem contato desde o primeiro instante em que entra na escola, são técnicas, a filosofia e a sociologia são as disciplinas que pensam a cultura e a civilização que se forjam através de tais técnicas.

Qual seria então o medo implícito neste editorial? A possibilidade de libertar os discentes da técnica massificante que tem demonstrado a sua ineficiência até mesmo nos programas de avaliação tecnicamente arquitetados para verificar se a massificação tem sido eficiente. Massificação que os discentes acabam por resistir, não suportam mais tanta aula de matemática, uma vez que a técnica, ensina a fazer, sem ser capaz de dizer por que fazer. Peça para um professor de matemática definir o que é matemática e perceberá o embaraço. Sabe fazer cálculos, mas não sabe definir a própria disciplina de maneira conceitual.

Com isso, não se defende aqui a desqualificação de tais disciplinas ou dos profissionais, mas de enfatizar que elas em si mesmas, em suas técnicas, não são eficientes. Assim surge a necessidade de abrir espaço para as ciências humanas que podem auxiliar na grande relevância das técnicas para promover uma cultura e uma civilização mais humana e justa, bem como mais sustentável.

É notório que o referido editorial ataca justamente as disciplinas de filosofia e sociologia, e não outras que ganham também maior espaço na grade, como é o caso de química e física, bem como espanhol. Qual a razão disso? Por que perseguir justamente as disciplinas que pressupõe maior exercício crítico? Ora, não queremos ver em perigo o nosso admirável mundo velho da massificação técnica. Não se pode abrir espaço para questionamentos, quando se quer somente a reprodução. Então, mais matemática, mais técnica e menos humanidade.

Nega-se a hipótese de que alimentando a humanidade a técnica tenha uma finalidade, um porque de ser, isto é, um sentido e uma eficiência. Não para a mera reprodução, mas para a recriação de um mundo distinto em que os homens, sobretudo, aqueles defensores de mais técnica não tenham o monopólio da decisão.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sinto somente Sinto

Sinto a vida desfalecer.
O fluxo vital atenuar.
O coração bater em sacrifício.
A dor d’alma invadir.
O espírito se abater.

Sinto que já não sou capaz.
A vida em seu fluxo e refluxo vence o ego.
A vontade se afrouxa.
O agir não se realiza.
E o pensamento, ora o pensamento!
O pensamento é falaz.

Sinto que não haverá saudades.
Do mundo.
Dos homens.
De mim.
Daquilo que é mais ignóbil.
Daquilo que são só intenções de maldades.

Sinto, somente sinto.
Não quero saber o significado disso.
Mas simplesmente transitar pelo fluxo temporal,
Saboroso, da sensibilidade livre de qualquer ditame.
De qualquer sentido.




segunda-feira, 11 de abril de 2011

Filósofo do Preconceito

Por  estes dias  venho me  ocupando de um  tema,
Que  não foge de  maneira  alguma de minha consciência.
Não, não, não. Não é um tema absolutamente transcendente ou abstrato,
Com os quais geralmente me ocupo.
É o preconceito, doença  espiritual de um mundo caduco.

Que anda oculto ou escancarado,
Sustentado por verdades intocáveis de seres alienados.
Notáveis seres são estes! quão admiráveis eles são.
Vejam só, como são crentes em suas verdades
Capazes de uma elevada devoção.
Reféns de sua própria cegueira.
Eles vivem emaranhados em suas coleiras.
Ávidos são, por tudo aquilo que possa tranqüilizar o coração.

Eles vivem abraçados em seus livros,
Reduzidos ao seu fantástico mundo
Eles são implacáveis, tirânicos e perigosamente ingênuos.
Uma  ingenuidade mortal capaz de ferir.

Eles são  culturalmente condicionados, determinados, ou melhor fabricados,
Incapazes de  desvencilhar daquilo que os mantém aprisionados.
Ora! Também não há  razão para sair de  tal prisão.
Que ambição é  esta de  querer ver o mundo de um modo mais profundo?
Por que  não  tomar para si, o que  já foi dado por  todo mundo.?

Eles são amantes das aparências,
Crêem piamente que  elas  revelam toda essência.
Eles matam e morrem pelo amor que nutrem pela sua cegueira.
Por  suas  verdades são  capazes de  praticar horrores.

É verdade que  estão sempre dispostos, são até solícitos para nomear e rotular
Para  declarar o que é bom, o que belo e o que é verdadeiro.
Porém nada dispostos para ouvir um argumento.
Já que não há tempo pra isso, devem voltar logo para o seguro lar.
Pois não é muito recomendado abrir os olhos por muito tempo
Nem manter os ouvidos atentos.
Uma vez que não existe, nem pode haver outra beleza, senão a que eles vêem.
Não há outro modo de ser bom e  verdadeiro, senão aquele que eles detem.  

Diante  ao  desconhecido, perante ao que lhes confronta
Fecham-se os olhos e  tapam-se os ouvidos
Por que isso  pode  representar algum  perigo,
Pois é caso de vida ou morte acharem o caminho de volta
Para o confortável abrigo da engenhosa ignorância.

Deve caminhar de olhos fechados e ouvidos tapados
Este é o imperativo que devem todos seguir.
Nada  deve ser mudado, tudo precisa ser  reproduzido e  repetido.
Só assim a idéia exaltada assume status e adereço de verdade absolutizada.
Se a repetição é a lógica, a papagaiasse  é a prática.
Logo, nada deve ser refletido.

Eis  a conclusão que tiro
O preconceito é  aquilo que nos livra do perigo,
De olhar mais profundamente o mundo no qual se tem  vivido.
Uma proteção! Contra tudo que tende a nos arrancar da mediocridade corrente.
Tão estável e tão desejável.

È  tão  agradável a dupla  ignorância,
Nada parecido com aquela que tínhamos em nossa  doce  infância,
Que era de fato mais  valiosa do que esta que possuímos agora.
Perguntávamos sobre  tudo, éramos  curiosos por naturezas
Pois, por  incrível que pareça, de um certo modo sabíamos,
Que  nada  tínhamos ou entendíamos
Desse mundo que até  então se  experimentava.

Mas  agora,    adultos, julgamos  tudo saber.
Pensamos  tudo entender, que nem  damos conta do nosso ledo engano.
Eis a nossa  dupla ignorância.
Motivo de  toda  nossa intolerância.
Não sabemos, que nada de fato sabemos.
Oh! Quanto cruel é a  ignorância da ignorância.

Agora, tudo se tornou tão comum,
Recusamos tudo que nos possa parecer caótico.
Tudo deve ser um,
Tudo deve estar bem aparente.
Tudo deve ser prontamente acabado,
Estampado claramente revelado.
Por que senão, não conseguiremos ver.

Afinal, aonde está a raiz de todo preconceito?
Será que não está no juízo precipitado,
Na crença excessiva naquilo que simplesmente temos observado?
Talvez, também esteja no costume interiorizado de modo passivo.
O que pode  até significar algum perigo para o nosso Ser,
Mas nenhum incomodo para o  mero sobreviver.

Não, não me dê a causa, mas me  demonstre a  essência.
Será que o preconceito não seria a paralisia da consciência petrificada,
Apaixonada por uma realidade estagnada
De onde se colhe todo o conforto?
Será que o preconceito não seria a morada do ressentimento cruel,
Este instinto tão natural, que vê o outro como uma presa,
Preste a experimentar todo nosso fel?
Ou será o ódio que se materializa na incompreensão,
Ou mesmo o cômico que ridiculariza toda nossa imperfeição?

Não esperem de mim respostas, eu não as darei a ninguém.
Mesmo por que, eu não as tenho.
Somente me espanto, diante a nossa natureza de não ser nada natural.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chamado ao Grito de Liberdade

Carlos:
Vejam só, como estamos todos felizes , a liberdade  se  vê estampada em nossas faces. Feliz povo brasileiro! Que conquistou a sua tão custosa liberdade sem derramar nenhuma gota de sangue, pela pura benevolência do bom Deus e do bom e solicito Dom Pedro, que deixou a sua tão amada terra natal e tomou a nossa causa em suas mãos, levantando um brado de Independência diante das fileiras inimigas. Sim, um brado poderoso que atemorizou a todos os inimigos lusitanos. Independência ou morte.

(sai da platéia indignada)
Olímpia:
Espere aí senhores, que loucura é esta que estou a ouvir. Quem conquistou o que? Liberdade? Ainda não acordamos de tal sono? Vejam em nossas ruas, em nossas cidades a passividade de um povo que ainda não tomou sobre os seus ombros a sua própria história, não somos capazes de lutar e nos silenciamos  diante de nossa própria miséria.

(também sai da platéia)
Ângela:
Mulher, cujo nome não sei, não venha pisotear em nossa moral. Somos um povo lutador de fato e temos enfrentado com todo brio as afrontas dos poderosos que nos tentam dominar, mesmo que estes sejam tidos como os “pais da pátria” que usam de seus cargos para usurpar do público transformando-o em privado.

Olímpia:
Você é louca? Em que país que você vive, que não é capaz de enxergar um palmo diante do nariz? E olhar com toda lucidez para farsa que foi armada naquele dia, apaziguando e sufocando os anseios de uma verdadeira liberdade, que nunca foram  de fato realizados e ainda hoje é sufocado. O Grito ainda não foi dado, ainda permanecemos pelo silêncio dominados.

(surge no palco)
Ambrósio:
De fato minha cara Ângela, a Liberdade não pode ser concedida por ninguém, ela  tem seu valor somente se for conquistada por nossos próprios esforços, por nosso próprio sangue. Ninguém pode nos fazer livres, senão a nossa própria luta.  Ninguém pode gritar independência senão o próprio povo.

Ângela:
Sim, agora compreendo melhor, não é a voz que ecoou no Ipiranga que nos deu ou nos dará a liberdade, mas é o Grito que foi silenciado, que precisa ser desatado de nossos próprios lábios, ou melhor, de nossa própria alma. Basta ao silêncio que nos fez perder os sonhos de uma liberdade efetiva! Que demos hoje o grito que ainda não foi ouvido!

Olímpia:
Sim, gritemos todos!

Um homem:
Contra os maus homens e mulheres que zombam da confiança do povo. Independência ou Morte.

Uma Mulher:
Contra o “jeitinho brasileiro” que fere a ética e enfraquece a sociedade. Independência ou Morte!

Outro Homem:
Contra a violência que consome os corpos e almas de nossos jovens  negando-lhes um futuro e uma esperança. Independência ou Morte!

Uma Jovem :
Contra a indiferença ao mundo que habitamos e a ignorância destrutiva de nossos atos. Independência ou Morte!

Olímpia:
E vocês o que estão fazendo assistindo a tudo passivamente. Gritamos todos.
Independência ou Morte! Novamente para que todos brasileiros nos ouçam. Independência ou Morte!

terça-feira, 29 de março de 2011

AAO

Amanhã, Amanhã, certamente será amanhã.
Não seja estúpido, não há nada certo para amanhã.
Só mais um vazio que se abre para o vazio preencher.

Agora, Agora, aqui justamente agora.
A estupidez é reincidente, o agora não existe, nunca existiu e nem vai existir.
Tudo flui e se dissolve no ar, inclusive as coisas mais sólidas.

Ontem, Ontem, certamente o ontem existiu e ainda existe em mim.
Então me diga, o que existiu ontem?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Homo Politicon

Não basta se indignar.
É preciso por para fora o que causa indignação.
Não bata pensar.
É preciso materializar as possibilidades ditadas pelo pensamento.

O Grito incontido desatado da alma,
Do corpo todo,
É a semente lançada a esmo ao mundo
Sem garantias de germinação.

Ainda assim o faz, realiza e age
Como corpo na rua em gestos e atos.
Desperta, ativa, influí a amalgama de afetos e sentidos.
Até então, contidos, reprimidos, censurados.

Irrompe os limites internos do indivíduo.
Os medos individuais, o isolamento controlado.
Transcende ao público o que estava privado.
Dando em ato o que estava tão somente incubado.

A fecundidade do ato desatado,
Segue as ondas da semeadura.
Eis que o semeador saiu para semear.
A semear a sua humanidade,
A fim de dar lugar ao que virá após.

E o faz respirando livremente.
Sem os ares densos dos redutos em que fora posto e reclusado.
O faz em plena liberdade,
Não mais pensada ou abstraída,
 Mas realizada ali,
Na rua, em ato, em vida.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Crise, Democracia e Ditadura


David Harvey geógrafo de renome em entrevista ao jornal  agentino Pagina/12 apresenta suas impressões sobre a crise finaceira desatada em 2008, bem como suas causas e as condições existentes de recuparação, a qual está publicada no site www.cartacapital.com.br.   
Ao ler a entrevista de Harvey dentre os vários temas que trata, é inevitável pensar a sua concepção sob o viés das comparações que faz acerca das posturas tomadas  diante da crise por EUA e China, o que implica em por em questão as distintas estruturas políticas de cada país. No que diz repeito a sua concepção ideal expressa por ele no sentido de que a política seja determinante da economia, o que Gramsci chamava de "grande política", nos quais os interesses públicos são determinantes dos interesses privado, ou seja, a coletividade determina e regulamenta as relações econômicas de interesses, está mais efeitivamente posta em prática de maneira relativa no sistema político Chines, dado a sua condição centralizadora e regulamentadora das aspirações financeira. Por sua vez, os EUA dado a coptação e assédio constante das grande corporações, que mantém o congresso americano em suas mãos, deixa impotente o poder central instituído para impor regulamentações aos projetos privados de tais corporações, o que explica a ineficiência das medidas tomadas para que o país ressurja das cinzas. Portanto, se concluí que a democracia enquanto regime político que permite as incursões,a manipulação dos interesses privados sobre os interesses públicos, em tempo de crise é mais ineficiente que um poder ditatorial central, o que a história nos dá exemplo, sobretudo no berço da democracia. A democracia Ateniense na Guerra do Peloponeso desatada em 470 a.C, a qual trava contra a oligarquia Espartana a fim de impor-se como potencia hegemônica, entra em derrocada por ser incapaz de consiliar os interesses internos em jogo. Enfim, em tempos de crise, será melhor a ditadura que a democracia?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Guerreiros do Absurdo

O fluxo da vida implica necessidades.
Resultadas das carências,
Decorrente das ausências,
As quais são dados do vazio, do absurdo que se revela a existência.

Contra necessidades, carências ou ausências,
Ou mesmo contra o vazio, o absurdo que a vida é de fato.
Ser concebido, nascer, crescer, envelhecer e morrer
E prever sua memória definhando no tempo.
Rebelamo-nos!
Rebelamo-nos em ato.

 Ativo ou passivo de ambos os modos resistimos.
Seja aplicado em ser eterno e imortal
Preenchendo a existência numa perenidade inesgotável.
Ou resistindo fortemente às afrontas de tal destino.
Se deixar  absorvido por ele na ciente de sua condição mortal.
Seguimos!

 Lançados a esta condição niilista.
 Contra a qual,
Para não sucumbirmos a tal dado factual
Que a vida nos faz experimentar.
Reagimos biologicamente ou de maneira artificial.
 Que seja!
Pois o que ainda nos é natural?
Reagimos!.

Reagimos criando mundos e vivendo a vida.
Criando céus de eternidades,
Vivendo mundos de fatalidades.
Criamos e Vivemos até que...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Misantropia

A baixeza do gênero humano me revolta.
Sua cultura destrutiva me causa asco.
Sua ambição é de um cinismo dos mais deletérios.
Destruição, desarmonia, ignomia
São efeitos de uma interioridade opaca e vazia.

Gênero humano, sou um.
Participo resistentemente dessa horda destrutiva.
Sou arrastado por esta força incontida.
Uma pulsão avassaladora que inconsciente a todos domina.

Quem, e o que deste a este o poder que tens?
Negaste o que tinha de mais nobre e criativo.
Tornaste degradantemente um inventor instrumental,
Que tecnicamente mantém o mundo em suas mãos.
Pode dominar tudo a sua volta, mas não tem domínio sobre a si mesmo.

Gênero humano, me revolto por ser um.
Co-participante de tal estado de civilização que só agrada as bestas.
Que em ignorância comem, bebem, consomem
Como quem devora a própria carne anodicamente.

Eles amam  o progresso,
Ufanisam suas invenções numa cegueira gritante.
Querem alcançar o infinito e se agarram a esta vida com unhas e dentes,
Pois é única que têm.
Dado sua ausência de afeto e espiritualidade.

Abaixo! Abaixo à Humanidade!
Sobretudo, a Ocidental.
Para que o universo todo viva.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Trágico


Vivo a contradição entre o Ser e o Querer Ser.
Pois o Ser é aquilo que sou.
A identidade pela qual reconheço minha memória
Imprimida pela história vivida.
Que dentro do fluxo que lhe é próprio,
Não é estável, é mutável.
Logo, em nenhum momento eu sou.

Portanto, não sou o Ser por estar no fluxo.
E ainda não sou, nem serei o que Quero Ser,
Se sou alguma coisa ou Ser, sou então o embate
Sou o meio entre o presente e o futuro.
Sou Ser e o Querer Ser sem divisão ou fronteira.
Eis a formula da minha composição.
O Embate entre o presente e o futuro que forja a estabilidade de um passado.

Que estabilidade?
Não há estabilidade absoluta, nem mesmo no passado.
Ele não está cristalizado no tempo.
Mas ele se move, pois ele mesmo está no tempo.
Pois só o acesso como um recuo à consciência e um progresso na duração.
A cada momento que recorro a ele no presente ela já não é como era.

Ante a tanta instabilidade,
Me  espanta  aqueles que dizem ser o que são.
Penso, que pretensão, que arbitrariedade.
Artifício de uma leviandade consigo mesmo.
Ninguém é !